Carpe Noctem

Sirva-se do rubro licor que em nossas veias corre...
Se bem vindo ao profundo de minha alma!

quarta-feira, 7 de novembro de 2012


O tempo passa e a vida continua, apesar de o projeto Ciclo do Sangue não ter-se concluido ainda continua paralisado.
O blog Romanticídio Insano reúne uma coletânea de poesias e artigos em geral.
Vale a pena conferir enquanto não há mais textos do Ciclo.




sábado, 14 de janeiro de 2012

Paralização

Estou temporariamente fechando meu Tumblr, blog e twitter. Sem previsão para voltar. Agradeço a todos vocês que me acompanham....

domingo, 8 de maio de 2011

Nasce uma cadente - Part II

Quando Harley entrou no berçário branco e bem iluminado estava irritada. Sua vida havia desmoronado. Tudo com o que ela havia sonhado simplesmente caíra como pedras soltas na tempestade. Seu futuro acabara quando a pequena “pestinha” resolvera nascer.
A ruiva lançou um olhar de deboche para a antessala onde um grande vidro transparente cobria toda uma parede permitindo a visão de diversas “caminhas” diminutas onde repousavam varias crianças que aguardavam a liberação médica para voltar aos braços das respectivas mães ansiosas.
Antes mesmo do nascimento a criança já era indesejada, “uma parasita” como foi chamada pelos sábios de Hariden, onde seria treinada nas artes da magia.  Hariden era o centro do universo e fonte de toda a energia magica existente. Uma construção magica que flutuava acima da atmosfera terrestre num plano superior, longe o suficiente para passar despercebido. O plano de Hariden era um lugar vazio e desabitado de onde é possível acessar todos os outros planos existentes com seus universos paralelos e mundinhos fechados. “O lugar mais isolado do mundo” pensou a garota.
- Senhorita, posso lhe ajudar? – uma enfermeira loira (daquelas que aparecem que estampam os calendários masculinos, com seu cabelo liso e amarelo, os lábios vermelhos e o rosto bem maquiado) bloqueava o caminho de Hey.
A garota analisou a postura da mulher e uma ponta de desconfiança surgiu em seus olhos.
- Eu procuro um bebê que teve alta hoje de manhã. É uma menina chamada Cassídia Lee Vetra. Filha de Hérmia Lee D. Vetra e Aleck Lee. Eu sou a guardiã dela e tenho licença para buscá-la. – respondeu Harley a contragosto.
- E você trouxe a papelada para dar baixa? – a enfermeira perguntou consultando sua prancheta onde constavam os nomes dos bebês que haviam tido alta naquele dia.
- Sim. Meu nome é Harley Daniel. – a jovem entregou os papeis da autorização para a enfermeira impacientemente.
- Você adotou a criança? – os olhos claros da enfermeira se levantaram num misto de curiosidade e duvida. O batom vermelho dela era de um tom tão vulgar que fez Harley imaginar se ela já não havia, mesmo, trabalhado em uma casa de estripes.
- Quase isso. – A ruiva cortou a mulher duramente encerando assim de vez a conversa.
- Entendo. A mulher folheou mais algumas páginas em sua prancheta e Harley revirou os olhos, interiormente suspirando melodramática.
A mulher aceitou a resposta sem questionamentos, dirigindo-se logo para o salão do berçário. Harley aguardou-a na saleta de espera bem iluminada.
A ruiva encostou-se a parede para esperar a volta da enfermeira. De onde estava era possível observar uma família do outro lado, espremendo-se contra o vidro para observar os bebês.
Um homem calvo, provavelmente o pai, tinha os olhos mareados e um sorriso abobalhado estampado na face. Brincava ridiculamente com o bebê através do vidro espesso, fazendo gracejos e caretas.
Harley olhava o homem com desprezo. Como alguém poderia ficar tão ridículo? Isso era uma das muitas coisas que ela não entendia nos humanos...
- Perdeu algo no papai feliz? – uma voz masculina grave falou a suas costas, perto demais.
“Riven” – pensou a garota, mais do que ninguém, odiava a habilidade do homem de mover-se em silêncio absoluto. Ele sempre a pegava de surpresa.
- Oi. – sua voz saiu mais baixa do que pretendia quando se virou e deu de frente com a impressionante figura negra.
- O que você está fazendo aqui? Nunca pensei em você como uma pessoa que gostasse de visitar um berçário! – um sorriso lupino tomou a face clara, porém sem chegar a atingir os olhos azuis abissais.
Harley se afastou uns dois ou três passos, tomando uma distância segura do homem.
- Eu vim buscar a Cassídia. – seu rosto tingiu-se de vermelho como tinta em papel branco.
O sorriso de Riven sumiu, dando lugar, quase inconscientemente, ao sentimento de perda que ele tanto negara nos últimos meses.
- É meu trabalho, busca-la faz parte do trabalho do guardião. – Harley tentou sorrir, mas também havia sentido o buraco em seu peito lembrá-la de sua presença.
 - Eu fiquei sabendo mesmo que a criança já havia nascido. Aliás, foi por isso que eu vim, quero vê-la.
Riven mantinha os olhos baixos, repentinamente muito interessado em examinar a ponta do tênis de marca que usava. A jaqueta de couro preta estava entreaberta deixando à mostra a camisa muito branca.
- A-a enfermeira foi buscá-la. Deve voltar logo.
Como que se recuperado do choque inicial, Riven a olhou pensativo e ela percebeu isso no mesmo instante. Havia um brilho saudoso nos olhos negros do rapaz, quase que maligno.
Neste momento a enfermeira retornou, trazendo com sigo um embrulho de panos claros, mais parecido com um casulo do que com um bebê.
- Aqui está a pequena e a bolsa dela. As coisas que foram trazidas estão todas aqui. – A enfermeira entregou a bolsa infantil à garota ruiva e, sem tirar os olhos de Riven em nenhum segundo, disse:
- E quem é o senhor? – ela segurava o embrulho de panos roxos distraída sem perceber que Harley havia estendido os braços para receber a criança.
- Sou tio do bebê. – mentiu ele.
A enfermeira apertou os lábios e entregou o embrulho para Harley, olhando suspeita de um para o outro.
De longe eles se passavam perfeitamente por um típico casal. Riven era um pouco mais alto do que ela (quase todos poderiam ser mais altos do que Harley) o que ajudava na construção do estereótipo, ela era pequena e miúda, ele era alto e forte. “Como um casal de cinema.” Harley riu ao pensar nisso e Riven a olhou interrogativo, olhar este que fora ignorado.
Entretanto, se você os olhasse mais de perto, se conhecesse sequer o mínimo sobre estes dois, perceberia o quanto eram distantes. Eles pertenciam a mundos diferentes, eram o casal mais errado que pudera haver no mundo. Riven em sua escuridão taciturna e Harley em sua vivacidade contida.
O rapaz fitou longamente a pequena criança nos braços de Hay enquanto a enfermeira se retirava para cuidar dos outros bebês depois da longa palestra de como dar os primeiros cuidados à uma criança dirigida a Harley.
- O que você ainda está fazendo aqui Riven? – a ruiva havia percebido o rumo que os pensamentos do rapaz tomavam e irritou-se. – Não deveria estar em alguma “missão” para sua rainha? – esta ultima palavra foi sussurrada, somente por precaução.
- Bem é para isso que estou aqui. Clio pediu para que eu viesse e fizesse parte da guarda do bebê até Hariden. – Ele parecia sem graça.
- Ela já tem toda a escolta necessária.  – Porém Harley sorriu inconscientemente ao pensar na ideia de ter o “anjo de Clio” a escoltando, mas logo teve de espantar este pensamento.
“Você deve cuidar da criança, ensiná-la. Você foi criada para isso” – as palavras de Cornélia reverberam na sua mente.
Enquanto caminhavam para fora do hospital Harley resolveu olhar o rosto da criança somente por curiosidade, pois muitos haviam dito que a pequena provavelmente nasceria muito parecida com a mãe.
Mas quando Hay fitou o rosto da pequena garotinha tudo a sua volta parou. A ruiva podia ouvir a voz de Riven ao longe falando com ela, porém todas as palavras pronunciadas foram desperdiçadas, Harley não ouvia nada, não sentia nada, o mundo eram aqueles olhos abertos e curiosos. Uma raiva desumana subiu-lhe pelas veias e as injustiças queimaram lhe a língua... Aqueles olhos... Idênticos aos da mãe, profundos e secretos, porém estes eram de uma cor nova, única...
Inconscientemente, a pequena ceifadora já brincava como os destinos alheios como brinquedos infantis. Foi isso o que aconteceu ali: Harley mesmo a odiando se sentia totalmente presa a esse destino. Via em seus olhos a mãe, antes tão doce e inocente; a ruiva sentia a necessidade que a pequena tinha dela. A ligação.
Ao olhar para Riven, já não sentia a dor, somente devoção.


domingo, 27 de fevereiro de 2011

Capitulo 1 - Nasce uma cadente




18 anos atrás...



Estavam todos aguardando a noticia mais esperada de todos os tempos, todos curiosos para saber o rumo que suas vidas tomariam. A partir daquele momento, dependendo daquela palavra, todos os olhares se desviariam involuntariamente em agradecimento ao azar ou em profundo medo da sorte de uma menina que nem ao menos havia aberto os olhos. E para dizer a verdade, nunca o nascimento de criança foi tão temido como agora. Todos na pequena sala sabiam disso e se envergonhavam profundamente de seus desejos secretos.

A porta se abriu em um baque surdo, seco e assustador. Porém assim que os presentes puderam ver a expressão no rosto do Doutor N. Vallentine o desamparo tomou conta da atmosfera na sala.

- O bebê está bem. – informou o Doutor largando-se na cadeira mais próxima. Por incrível que possa parecer aquelas pessoas que há segundos desejavam secretamente o desastre agora respiravam aliviadas da culpa por um ato tão desumano. Elas sabiam que no fundo a culpa não era da pequena menina no berçário e sim de pessoas muito grandes e cruéis...

As quatro pessoas na sala olhavam-se desamparadas.

Harley, a mais nova ali era a que mais sofria; todas as consequências da perda de Mia recairiam sobre ela. A guarda da criança passaria a ela, para que então encaminhasse a jovem criança ao seu futuro promissor. Os olhos azuis da garota corriam do Doutor para Cornélia a espera de uma palavra decisiva ou talvez uma ideia melhor para burlar o destino.

David parecia deslocado, talvez tanto quanto os cabelos vermelhos da jovem Srta. Vetra (Harley) ele sabia que depois da morte de Aleck e Mia o único futuro para o bebê seria ser levado a Hariden. David temia justamente isso. Seus olhos percorreram as paredes brancas e fixaram-se na janela de vidro por onde se podiam ver alguns pacientes. “Quem dera se Mia fosse uma dessas mulheres internas... Se pelo menos ela houvesse sobrevivido...”
- Bem não adianta chorar a perda agora. Todos esperávamos um milagre, mas pelo jeito estas coisas não acontecem com a sua família, não é Cornélia? – o médico dirigiu um sorriso irônico e triste à matriarca ali presente. – O que nos resta agora é confiar em Hariden e rezar para que aqueles velhos criem juízo e tratem bem a criança. Harley, você sabe o que deve fazer.

Cornélia fixou os profundos olhos azuis na garota que agora parecia assustada e arrasada ao mesmo tempo.



quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Livro I

Esta carta faz parte dos achados dos arquivos da Rosa.
Foi escrita a mão, sem data precisa.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Uma marca na água



Haverá um dia em que eu não precisarei mais esperar,
em que a vida correrá pelo seu caminho sem obstáculos
e que eu serei simplesmente eu...
E isso bastará.


Haverá um dia em que a chuva será mais prateada
e o sol mais dourado
e que ambos, juntos, farão o tempo parar.


Haverá um dia que chorar se tornará desnecessário,
em que a vida não será tão dolorosa
e que o fim não me parecerá tão duro.


Enquanto estes dias gloriosos não chegam, 
eu ficarei aqui, esperando, 
vivendo,
cada dia de cada vez...


No aguardo...
Desculpem-me os tolos,
mas eu vou viver...

Strega

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011