Carpe Noctem

Sirva-se do rubro licor que em nossas veias corre...
Se bem vindo ao profundo de minha alma!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Capitulo 1 - Nasce uma cadente




18 anos atrás...



Estavam todos aguardando a noticia mais esperada de todos os tempos, todos curiosos para saber o rumo que suas vidas tomariam. A partir daquele momento, dependendo daquela palavra, todos os olhares se desviariam involuntariamente em agradecimento ao azar ou em profundo medo da sorte de uma menina que nem ao menos havia aberto os olhos. E para dizer a verdade, nunca o nascimento de criança foi tão temido como agora. Todos na pequena sala sabiam disso e se envergonhavam profundamente de seus desejos secretos.

A porta se abriu em um baque surdo, seco e assustador. Porém assim que os presentes puderam ver a expressão no rosto do Doutor N. Vallentine o desamparo tomou conta da atmosfera na sala.

- O bebê está bem. – informou o Doutor largando-se na cadeira mais próxima. Por incrível que possa parecer aquelas pessoas que há segundos desejavam secretamente o desastre agora respiravam aliviadas da culpa por um ato tão desumano. Elas sabiam que no fundo a culpa não era da pequena menina no berçário e sim de pessoas muito grandes e cruéis...

As quatro pessoas na sala olhavam-se desamparadas.

Harley, a mais nova ali era a que mais sofria; todas as consequências da perda de Mia recairiam sobre ela. A guarda da criança passaria a ela, para que então encaminhasse a jovem criança ao seu futuro promissor. Os olhos azuis da garota corriam do Doutor para Cornélia a espera de uma palavra decisiva ou talvez uma ideia melhor para burlar o destino.

David parecia deslocado, talvez tanto quanto os cabelos vermelhos da jovem Srta. Vetra (Harley) ele sabia que depois da morte de Aleck e Mia o único futuro para o bebê seria ser levado a Hariden. David temia justamente isso. Seus olhos percorreram as paredes brancas e fixaram-se na janela de vidro por onde se podiam ver alguns pacientes. “Quem dera se Mia fosse uma dessas mulheres internas... Se pelo menos ela houvesse sobrevivido...”
- Bem não adianta chorar a perda agora. Todos esperávamos um milagre, mas pelo jeito estas coisas não acontecem com a sua família, não é Cornélia? – o médico dirigiu um sorriso irônico e triste à matriarca ali presente. – O que nos resta agora é confiar em Hariden e rezar para que aqueles velhos criem juízo e tratem bem a criança. Harley, você sabe o que deve fazer.

Cornélia fixou os profundos olhos azuis na garota que agora parecia assustada e arrasada ao mesmo tempo.



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Rabisque...